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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A nova reforma protestante

por Ricardo Alexandre (Revista Época)

Rani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.

Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.

Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.

sábado, 7 de agosto de 2010

Milton Nascimento, poesia recheada de teologia

Thiago Azevedo

Fiquei completamente extasiado ao passar um tempo ouvindo as músicas do Milton, com a mente aberta a descobrir uma mística mais profunda imersa em suas músicas e comecei a observar que na discografia deste grande compositor, um mundo de poesia que é carregada pela teologia, não esta que conhecemos, institucionalizada, cheia de rótulos e rotulações, entretanto, uma teologia livre, que pensa o sagrado amalgamado com seu tempo, com as problemáticas de seu cotidiano.

Sem querer transformar Milton em pastor, padre ou mesmo em teólogo, coisa que ele mesmo rejeitaria, nem mesmo tê-lo como um evangélico ou qualquer rótulo religioso, prefiro pensar como ele mesmo diz em Coração Civil, que teólogos, assim como poetas, são livres para sonhar e construir realidades a partir de sonhos, sonhos estes que veem um mundo alegre e vivo, sem poderes, sem polícias (entendam polícia como repressões), sem nada que nos impeça de sermos felizes.

Ou mesmo imaginar que este sagrado é marcado pela caminhada constante que fazemos em busca de nós mesmos, sonhando e nos deslumbrando com o mundo que vamos aprendendo a construir, com isso, percebemos que mais do que nunca precisamos sonhar mais e outra vez, criar novas utopias para se lutar e alcançar.


Hoje, com tudo mais prático e rápido, o homem vem se perdendo, não no sentido do inferno espiritual evangélico, porém, um espiritual que está dentro de nós, marcado por nossa superficialidade sem fim, este homem que se acha na beleza estética e estetificando suas relações, deixando de aprender mais de si mesmo, para poder se contemplar mais no espelho e permanecemos nesta angustiante Travessia que tem sido a vida.

Quem se deixa enlevar por suas letras, sente uma profunda dor, causada por uma ausência, uma saudade, não sabe bem de quê, mas ao se ver preenchida, sente suas perguntas contempladas e ao mesmo tempo em que essa angustia é profunda, nos convida a viver uma piedade marcada na convivência e comunhão com o outro. É o que vemos no grito de Comunhão:
“A vida é boa te digo eu
A mãe ensina que ela é sábia
O mal não faço, eu quero o bem
A nossa casa reflete comunhão”
Este mesmo grito que fala da bem união, ou comunhão, pede e clama ao divino, respostas às indagações que nossos corações insistem em fazer, por nossa falta de fé nas pessoas, por nossa falta de senso de justiça, por nosso egoísmo, por nossa ambição e ganância, por nossa cegueira, não a da existência do sagrado, mas a de perceber o sagrado dentro de nós e no outro, no nu, no pobre, no indigente, no traficante, no doente, no homossexual, no heterossexual, na prostituta, no empresário, ou seja em todos que estão pelo caminho, buscando todos os dias caçar a si mesmo e tentando se entender neste complexo mundo que criamos.

Como diz Durkhein, tudo que existe e insiste acontecer, não é por acaso, mas é a forma do próprio mundo dizer que necessita encontrar sentido e se proclamar sua própria liberdade e a construção de novas utopias para poder reencontrar consigo e com os homens.
“Eu quero paz eu não quero guerra
Quero fartura, eu não quero fome
Quero justiça, não quero ódio
Quero a casa de bom tijolo
Quero a rua de gente boa
Quero a chuva na minha roça
Quero o sol na minha cabeça
Quero a vida, não quero a morte não

Quero o sonho, a fantasia
Quero o amor, e a poesia
Quero cantar, quero companhia
Eu quero sempre a utopia
O homem tem de ser comunhão
A vida tem de ser comunhão
O mundo tem de ser comunhão
A alegria do vinho e o pão
O pão e o vinho enfim repartidos”
Neste mundo de dúvidas e ao mesmo tempo em que busca suas respostas para satisfazer suas necessidades existenciais, busca em muitos caminhos, que vão da espiritualização das necessidades à racionalização dos problemas, entretanto, mesmo diante de todas as possibilidades, o homem ainda caminha rumo à sua auto-destruição, justamente porque perdeu seu rumo, seu sentido e carece reencontrar seu caminho, reconstruir suas utopias, seus sonhos. E vemos que nem a teologia institucionalizada, marcada por rotulações eclesiásticas, nem mesmo as paixões políticas conseguem direcionar este caminho, porém, vemos que a poesia revestida de teologia consegue nos mostrar algum caminho.

Não é à toa que muitos abandonaram suas leituras sacras do livro sagrado, para reencontrarem em re-significações de suas perspectivas sobre este Deus que tanto se canta nos templos, não é por menos que os Salmos espelham esse amalgama entre poesia e teologia e o sermão da montanha, como resumo de todo um compêndio de fé e salvação para os homens, tem o seu quê poético, talvez Jesus, antes de Milton, já cantava canções como Coração Civil que proclama a liberdade da fé e da utopia.
“Viva a preguiça viva a malícia que só a gente é que sabe ter
Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida
Eu viver bem melhor
Doido pra ver o meu sonho teimoso, um dia se realizar”
Ora, Jesus não era chamado de beberrão e fanfarrão, que andava em festas em companhia de ladrões e prostitutas? Não eram os religiosos de seu tempo, seus maiores inimigos? Então, devemos buscar novamente esta vida de subversão e ir ao encontro com a re-significação de nossas utopias.

Enquanto isso vocês podem me encontrar por aí, nos Bailes da Vida...

Paz e bem

sexta-feira, 5 de março de 2010

O que é Dialogia?

Dialogia é o ato de criar um ambiente de discussão e debate, para poder refletir principalmente sobre os aspectos das religiões. De forma acadêmica ou não, vários autores participarão deste ambiente para fomentar à reflexão teológica, social, psicológica, filosófica, ou em outros campos das ciências humanas para entender e desbravar caminhos para ampliar o diálogo dialógico, rumo a uma consciência mais tolerante e resgatar a imago Dei esquecida pelo discurso fundamentalista e fechado de Deus. Vale à pena se arriscar, você topa? Então vamos juntos nessa jornada dialógica das religiões.
 
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